Narcizo

Código: 213818

Irmãos:
Lindoval (aprox. 1943)
José Mendonça (1945)
Cordovil (aprox. 1946)
Gilete
Maria Antônia
Maria Tereza (? - ?)
Osvaldina (? - ?)
Maria José (? - ?)



Saudade do aconchego da autoridade!

Sou oriundo de uma terra muito fria do interior de MG. Nunca me esqueço de ter que levantar bem cedo aos 8 anos de idade para buscar as vacas no pasto para meu pai tirar leite. Quando voltava, estava molhado por causa do sereno, tomava uma gemada bem quente, e ia varrer o terreiro em volta da casa para me aquecer. Quando adolescente, resolvi parar de estudar, não era minha praia, pensei que poderia ficar dormindo até mais tarde, se não tinha que ir para escola. Nesta época estávamos morando na cidade.
Numa bela manhã, senti alguém batendo em meus pés. Quando vi, era o meu pai, dizendo: vc tem quinze minutos para se aprontar, e me levou de volta pra roça. Agora com 15 anos voltei a capinar e Carrear boi, de sol a sol. No dia que fiz 17 anos, anunciei que sairia de casa para trabalhar em uma cidade vizinha, em Viçosa, pois, havia arrumado um emprego na tentativa de sair do rigor paterno que não aliviava. Neste dia ouvi duas frases distintas que ecoam em minha mente, e que contribuíram para eu aplicar o devido rigor na criação de meus filhos, preocupado em formar o caráter deles, exigindo responsabilidade em todas as áreas de suas vidas, desde sua infância.
Ouvi de minha mãe: filho, vc não quer estudar mesmo? Eu disse: não mãe. Ela tentou me reanimar dizendo, o ano passado produziu muita goiaba e vendemos muito doce, já comprei seu uniforme e todo material, é só estudar filho. Não quero mãe. Ela então me disse: vá em frente, a escola da vida também ensina, mas, cobra muito caro. Me abraçou e chorou comigo, nunca vou esquecer o calor de suas lágrimas em meu braço. O meu pai por sua vez, disse: quer dizer que vc não quer estudar, por isso arrumou um emprego? Sim pai, respondi. Ele que tinha um coração mole, mas, por ser um ator que representava a fortaleza, disse: vai mesmo, porque vagabundo vc não vai ser, eu não vou permitir.
No dia em que completei 17 anos, iniciei minha peregrinação, em busca da minha independência, sem saber das dificuldades que estariam por vir. E a partir deste dia a solidão e a incerteza foram minhas companheiras. Não tinha mais meus pais por perto, mas, a formação que eu havia recebido contribuiu, e muito, não permitindo que desistisse, sabia que, se eu queria conquistar alguma coisa teria que ser perseverante. E assim encarei os obstáculos, os meus medos e a intensa saudade, sem perceber que, já havia me inscrito na escola da vida no dia que dei o último abraço de despedida, e que o aprendizado já estava em seu curso natural conforme havia dito minha saudosa mãe.

Isto foi apenas o começo.

Meu Deus! Que saudade do aconchego da autoridade!

Narcizo M Freitas

Fonte: Narcizo
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