Odin Andrade

Código: 144739

 casou-se com Gilda de Almeida Andrade

Irmãos:
Eda Andrade Botelho
Luiz Andrade

Revirando coisas do passado minha irmã, Kit, achou hoje uma página do jornal Diário da Tarde de uma segunda-feira, 20 de setembro de 1982 com um texto do Fábio Doyle com o título: Odin resolve (afinal) mostrar mais uma de suas artes.

"Jornalista, cineasta, repórter político, cronista sutil e irônico, mordaz muitas vezes, relações públicas, dos melhores e mais eficientes, homem sempre de bem com a vida, sempre com o jeito de quem está chegando de férias na praia ou de uma partida de tênis em clube de milionários, terrivelmente inteligente nas críticas e caricaturas verbais que faz de amigos e dos poucos inimigos que deve ter, mas antes, durante e acima de tudo, um artista que entremeava as anotações de repórter com desenhos sem fim, que enchia e tumultuava seu bloco de notas na Assembéia dos bons tempos ainda da rua dos Tamoios, com traços finos, guignardianos, de construções barrocas, de sacadas e colunas de cidades que sua imaginação fabulosa e inquieta criava o dia todo na bancada da imprensa, misturando-se no papel com os apartes de Aureliano Chaves, de Milton Sales, de Carlos Horta Pereira, de Israelzinho, de Hernani Maia, de Jorge Carone, de Jorge Ferraz, de Osvaldo Pierucetti, de José Cabral, de Pio Canedo, de José Augusto, de Oscar Dias Corrêa, de Dnar Mendes, de Álvaro Sales e Florisvaldo Dias, de Sebastião Navarro Vieira, de Wilson Modesto e tantos outros, Odin Andrade resolve afinal mostrar uma parte do que faz e fez, como artista. Sua mostra será inaugurada hoje, às 21 horas, na Galeria Guignard. Eu pedi a Odin, para ilustrar a prévia de seus trabalhos nesta página, uma crônica sobre ele mesmo. Ele a redigiu em dez minutos aqui ao meu lado e lhe deu o título perfeito: "DEPOIMENTO". Com vocês, Odin Andrade o artista.

O que tenho a dizer é o seguinte: fui jornalista durante quase vinte e cinco anos. Digo fui, porque, no momento, e acho que no futuro não tenho a intenção de retornar à atividade. Para que não haja mal entendidos é bom que se diga que não me move nenhum desencanto especial pela profissão. Paulatinamente fui perdendo a motivação e me faltou fôlego para continuar. É bem verdade que o jornalismo é uma profissão frustrante no sentido de posteridade. Como sou uma pessoa normal, eu busco a posteridade. Todos buscam, mas poucos confessam. No jornalismo, somente o pleno exercício marca nossa presença. É uma atividade que não deixa resíduo, não resiste ao tempo. Meu pai e meu tio estiveram presentes diariamente na imprensa durante mais de sessenta anos. Suponho que bateram todos os recordes de permanência. Entretanto, percebo, já estão praticamente esquecidos na memória dos leitores. Isto é triste porque ambos se dedicaram integralmente e deixaram uma vasta obra que ninguém jamais irá buscar nos arquivos dos jornais. Na parte que me toca, também estou sepultado nos arquivos com milhares de crônicas, editoriais e outras miudezas. Coisas que escrevi com alma, colocando emoção e que tiveram, na duração de um dia, importância e repercussão. Deixou de me fascinar este tipo de notoriedade de apenas vinte e quatro horas de vida. Eu quero, se possível, a glória total. Caso contrário me contento mesmo com uma pequena casa na Vila Celeste Império, com quintal, horta e galinhas.

Possivelmente através desta manifestação artística outonal e muito oportuna à saúde das artérias, eu esteja procurando penetrar e permanecer na memória do outros, me ajeitando para o futuro. Sou levado pelo impulso muito humano de deixar uma marca, um sinal, um traço de minha passagem. Quando alguém grava seu nome numa pedra, num tronco de árvore, num banco de jardim, está, evidentemente, procurando uma forma de imortalidade. Eu jamais me esqueci da mensagem deixada por uma perdida Dirce numa laje da gruta da Lapinha. Estava escrito: "em novembro de 1914 Dirce passou aqui uma tarde muito feliz". Desta forma simples, Dirce e sua felicidade estão vencendo o tempo. Até que a gruta desabe, quem ali estiver tomará conhecimento daquela tarde de 1914 e ficará supondo as razões de tanta felicidade da Dirce. Considerando a escuridão da gruta tenho idéia do que se trata, ou se tratou.

Quando fixo em quadros os meus sentimentos, as minhas emoções estou, pelo menos, convicto de que irão ser preservados. Passarão de mão em mão, irão subir e descer de cotação na variedade das decorações e podem até, conforme as circunstâncias, ter um especial valor comercial. O fato é que têm a chance de sobreviver como muitos quadros que todos nós temos, vindos de outras gerações de nossas famílias. Tenho a pretensão de varar o tempo ainda que seja dependurado numa parede. Tirando o olho do futuro, esclareço que não desennho por "hobby", nem por higiene mental. O faço por uma necessidade de dar forma a impulsos naturais. Com relação à qualidade do meu trabalho, é óbvio que o considero o melhor possível. Nesta altura da vida eu não iria correr riscos desnecessários me expondo à visitação pública mostrando algo que eu não posso defender, que não me venha acrescentar, que não seja plenamente justificável de ser exibido. Como não sou do tipo de criador em permanente estado de dúvida e insatisfação, não me encaixo no gênero de artista atormentado em busca da perfeição final. Quase sempre eu consigo executar exatamente aquilo que estava pretendendo. Se irá agradar a terceiros é outra conversa. Acho que a única coisa que não admitirei sem reagir é ser tachado de amador. Jamais pratiquei o amadorismo em nenhum instante de minha vida. Sempre fui fundo no que fiz e não brinco em serviço. Se tenho que enfrentar o respeitável público, trabalho firme, buscando dar o melhor.

Neste meu lançamento tem causado espanto a fartura e a generosidade da divulgação. Isto é explicável. Como não cometi a asneira de colecionar inimigos na minha longa militância pelo jornalismo, é razoável que me venha, de contrapartida, uma esplêndida cobertura de meus colegas. Quando me aventuro por novos rumos eles surgem me dando força e ajudando no impulso. É uma vantagem que estou levando e que - espero - não perturbe o julgamento do meu trabalho. Faço votos que a obra suporte tanta badalação. Não posso deixar de anotar que é muito reconfortante penetrar assim no chamado mundo das artes, com tantas manifestações favoráveis, tanto apoio e calor humano. Acho que se todo artista encontrasse tanta receptividade e acolhimento estaríamos vivendo realmente no melhor dos mundos. Posso garantir que nesta altura da vida é bastante tonificante este tipo de virada, esta mudança de rumo que tanto pode ser da completa definição, como não levar a parte alguma. O que vale mesmo é o instante, o momento. Para quem, até há pouco, a única coisa importante era perder peso e não entrar em engarrafamento de trânsito, essa estória de exposição mexe com toda a estrutura e levanta a moral. A crítica tem anotado os impulsos de juventude nos meus desenhos. Isto significa que por dentro eu ainda estou jovem. Somente esta constatação, de que ainda sou capaz de fazer algo jovem, seria a gratificação bastante. Na realidade é assim mesmo que me sinto, mas ninguém ainda tinha percebido isto e - mais ainda - dado divulgação ao fato. Alfredo Nobel, aos 34 anos de idade, publicou um anúncio em Paris, pedindo um empregado que começava assim: "velho senhor precisa...". Ele se sentia, em pleno viço, um fóssil. E olhem que inventou a dinamite! Quando a gente dá uma volta completa em determinada altura da vida e se aventura por trilhas desconhecidas existe a possibilidade de duas coisas estarem ocorrendo: ou estar ficando doido varrido ou então haver uma sobra de vitalidade procurando se expandir. Espero sinceramente que esteja na segunda hipótese, malgrado alguns reparos que tenho ouvido de estar maluco expondo meus flancos a chuvas e trovoadas. Na verdade não acho assim. Eu acho que merece uma certa ternura quem leva à apreciação de seu semelhante (principalmente nestes tempos bicudos) um esforço de criação cujo único objetivo é o de enfeitar um espaço de parede, dar o reforço de beleza a um ambiente. Nenhuma outra pretensão a não ser de perdurar dando alegria aos olhos. Vale a pena, portanto, abrir a guarda, expor os flancos, seguir em frente. Na apresentação do meu catálogo de exposição eu afirmei que era um artista sem passado, e, possivelmente, sem futuro. Na realidade, afirmando isto, estava meramente compondo uma frase. De uma certa maneira eu acho que conquistei um espaço no futuro. Se de tudo que eu fiz e que vou expor parte, permanecer um quadro dando o ar de sua graça, até mesmo num vão de escada, a minha recompensa terá sido total."

Odin Andrade

Em 1991, quando estava para editar o primeiro Guia 1ª Classe, convidei o jornalista e amigo Odin Andrade para redigir todas as aberturas de capítulo. Foi uma fase ótima, pois Odin muito inteligente, espirituoso, charmoso, sedutor, aparecia na editora nos horários mais improváveis e a partir daí ninguem mais trabalhava completamente envolvidos com as suas historias.

Escreveu alguns capítulos com extrema rapidez e o que não lhe era de interesse, tipo capítulo sáude ou terapia alternativa, era um verdadeiro parto para que ficassem prontos e foram talvez os melhores. Os textos são tão bons e tão atuais que vou reeditalos todos os meses.

Estou relendo agora seu livro Juventude, Juventude.

Odin era filho do grande jornalista Djalma Andrade o que de certa forma norteou sua vida.

Morava em uma casa maravilhosa, num estilo europeu não muito definido, onde ele projetou e decorou cada cantinho, situada no caminho de Nova Lima, na entrada do bairro Ouro Velho.

Éramos amigos e vizinhos. Frequentou minha casa e para minha grande felicidade, a qualquer momento ou pretesto aparecia para alegrar nossas vidas. Adorava seus causos, sua ironia, sua inteligencia, seu bom gosto e sua forma sincera de viver. Gostava demais também de ir a sua casa, belíssima, de extremo bom gosto e ao mesmo tempo despojada, sentir o movimento e o cheirinho que vinham da cozinha e o papo sempre muito bom. Sendo um homem tão especial casou-se com uma grande mulher Gilda e eram um par perfeito em todos os sentidos.

Um dia resolveu que ia escrever um livro de memórias e pediu que eu analizasse. Fiquei uma semana, louca para chegar a noite e ler a “boneca” na verdade um caderno de 200 páginas digitado na máquina de escrever, naquele tempo, não era todo mundo que tinha intimidade com um computador, considerado quase um monstro, pronto para engolir suas entranhas.

E o conteudo era de um tempo de Belo Horizonte, que eu não vivi mais adoraria ter vivido tal a simplicidade, a delicadeza, a gentileza, a universalidade, porque analisa fatos politicos, personalidades famosas e situações que extrapolam os limites da cidade.

Exibe também situações surpreendentes, que estiveram bem escondidas, como convinha ao velho estilo mineiro.

E o resultado é que eu não parava de tanto rir. Ria de madrugada lendo seu livro e só parava por causa do peso do caderno e do sono. Ria o dia inteiro imaginando as cenas hilárias e queria muito ter editado seu livro, mais a editora estava apenas começando então apareceu um anjo bom, Vitorio Mediolli, que em parceria com a editora Armazem de Ideias, que puderam nos oferecer esta obra. O meu em total e perfeito estado, autografado e não empresto de jeito nenhum. O jeito é alguem reedita-lo.

Sendo Odin, também artísta plástico, sugeri que ele fizesse uma página para que as pessoas pudessem contacta-lo e adquirir suas obras.
No seu studio na estrada de Nova Lima, entrada do Bairro Ouro Velho, pinta quadros, desenha, redige artigos por encomenda, escreve discursos políticos, cartas de amor e (também) negocia objetos de arte autênticos ou não.

Ocasionalmente, prevê futuros, indica rumos, conta segredos e faz revelações.

ELE É BOM – DÊ A ELE O SEU DINHEIRO

somente a tarde de 13:00 às 18:00

(Quem o procura, acha)



Daniela Portella



PREFÁCIO ODIN ANDRADE – GUIA 1ª CLASSE 1992

Na Minas do passado, com seus mistérios e seus segredos, existiu uma moça que tinha o dom especial de encontrar as coisas, de achar tudo que estava perdido. Ela pertencia a uma família ilustre, gente boa cepa, enraizada no que melhor havia em nossas tradições. Chamava-se Policena, um belo nome antigo. Identificava no ser humano envolvido num halo de magia e encantamento. Era suave, bonita e simpática e estava sempre pronta, quando convocada pela sua enorme parentela, a ajudar a todos nas suas aflições, na busca de objetos desaparecidos, de documentos extraviados e, até mesmo, na procura de coisas muito simples da tralha doméstica, como um dedal, um livro de orações, um retrato esmaecido de alguém, que um dia, fez palpitar o coração de alguma donzela. A todos Policena atendia e, mercê de sua graça, devolvia aquilo que estava sumido.

A fama deste seu singular poder crescia e se espalhava por toda vastidão do Estado, nas grandes fazendas, nas cidades mais distantes onde havia sempre um primo, um parente afim, um elo de imensa cadeia de suas ligações familiares. Essa gente, de seu sangue, muitas vezes impossibilitada de ter a presença física de Policena para ajudá-la, começou a invocar o seu nome e a rezar três Ave-Marias todas as vezes que sumia inesperadamente algo dentro de suas casas. Como os resultados eram maravilhosos, o apelo à Policena ganhou força, virou tradição e se tornou uma devoção na sua morte. Do céu, Policena continuou, com o maior prestígio, a ajudar infatigavelmente aqueles que, aqui na Terra, solicitam a sua ajuda através da oração. Assim, até hoje, um número cada vez maior de pessoas recorre a ela sem saber de suas origens, usando de sua valia, com auxílio imediato e nunca negado. Quando a interferência de Policena se manifesta de forma muito evidente, e é extraordinariamente valiosa pelo alívio que traz, os favorecidos movidos pelo nobre sentimento de gratidão mandam dizer uma missa em sua intenção. É por isto que, muitas vezes, quando vemos o seu nome ser invocado numa missa, aqueles que sabem das razões da invocação, são levados a um momento de reflexão e respeito a sua memória.

Esta publicação, organizada no sentido de orientar as pessoas na direção certa daquilo que estão procurando, foi programada dentro de um objetivo evidentemente prático: facilita as buscas e fornece a resposta aos que não sabem encontrar aquilo que querem. – É um roteiro bem elaborado dos rumos, dos caminhos e (muitas vezes) até mesmo de trilhas onde se percorre na busca de pessoas úteis e soluções finais, depois de muitas andanças. Uma versão dos dons superiores da dedicada Policena que poderá, no lugar privilegiado em que se encontra, ver diminuídos, um pouco, os seus trabalhos aqui na Terra, orientando as pessoas no rumo daquilo que buscam. Através deste livro podemos garantir que “quem procura acha”, menos, logicamente, a célebre agulha no palheiro, o número da sorte, a mulher ideal, a chave do destino e os mistérios da vida. Fora estas limitações transcendentais, os usuários terão um pronto atendimento de suas necessidades através de endereços certos de profissionais competentes, estabelecimentos variados, utilidades inusitadas e também o complemento de dicas especiais. Terão a surpresa de encontrar algumas especialidades onde estão incluídas antigas habilidades artesanais aparentemente desaparecidas e que, pelos esforços da pesquisa, foram localizadas e aqui catalogadas.

É óbvio que não se trata de uma obra literária para figurar nas estantes. É um guia para se ter sempre à mão, onde a variedade de personagens se movimenta dentro de uma marcação utilitária. Entretanto, como tudo que é feito com carinho e bom gosto, existe, nesta publicação, um encanto indefinido que eu consegui captar e que, tenho a certeza, não escapará àqueles que são sensíveis a este tipo de manifestação. Um toque sutil que está, possivelmente, ligado às boas intenções daqueles que, cuidando da edição, colocaram a técnica e os objetivos comerciais, paralelos aos relevantes propósitos de ajudar as pessoas, facilitando-lhes a vida.





ARTES

As artes são variadas e se estendem num campo infinito. Temos, para escolha, desde as artes bélicas até as belas-artes, dentro de uma sequência de conceituação em que podemos incluir a arte da política, a arte de bem viver, as artes marciais, e muitas outras artes, como, por exemplo, a perigosa arte de amar. Neste guia, o capítulo de “artes” caracteriza um aspecto geral buscando apenas facilitar, àqueles que procuram as artes (ou a manifestação delas), a oportunidade de encontrá-las.

Odin Andrade

Sobrenome Andrade

Cadastrado por Marco Aurélio Lopes Correia.
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Gilda de Almeida Andrade

Código: 144935

 casou-se com Odin Andrade

Irmãos:
Severino Carvalho Franco de Almeida
Roberto Carvalho Franco de Almeida
Therezinha Franco de Almeida Gazzinelli
Maria Luiza Almeida

Sobrenome Almeida
Sobrenome Andrade

Cadastrada por Marco Aurélio Lopes Correia.
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Filhos do casal:
Adriana Andrade Lobo de RezendeEduardo Andrade
Christiana Franco de Almeida Andrade